16/11/2009

Refeição económica...

Os presidentes da Refer, da CP e de pelo menos mais uma sociedade pública de transportes terão pago com o cartão de crédito da empresa os almoços de 50 gestores públicos daquele ramo, a 23 de Outubro, durante uma homenagem à então secretária de Estado dos Transportes, a socialista Ana Paula Vitorino.

O almoço de apoio e de despedida à governante foi no Hotel Altis Belém, em Lisboa, e juntou meia centena de administradores da CP, Refer, Carris, Metro de Lisboa, Administração do Porto de Lisboa e STCP, bem como de algumas empresas detidas pela CP e Refer, os quais se quotizaram entre si com um montante de 40 euros do seu próprio bolso para oferecer a Ana Paula Vitorino uma gargantilha de ouro de cerca de 2000 euros.

Após a refeição e os discursos da praxe, para que a festa não ficasse demasiado cara, todos os convidados viram os seus almoços pagos pela CP, a Refer e uma terceira empresa.(STCP?)

O PÚBLICO contactou a CP e a Refer - tendo insistido quase diariamente durante duas semanas - para esclarecer esta situação, mas não obteve resposta.

A CP e a Refer tiveram prejuízos em 2008, respectivamente, de 190 milhões e 181 milhões de euros.

Contactada pelo PÚBLICO, Ana Paula Vitorino disse que "alguém que estava ali perto pagou o almoço por mim. Entendo que isso é normal, uma vez que tinha sido convidada". Quanto ao facto de as empresas terem pago os almoços de toda a gente, a ex-secretária de Estado dos Transportes disse não saber, mas que se recorda "de ver várias pessoas à saída a pagar a sua conta". Na hora da despedida, porém, tudo isso foi esquecido e durante os discursos houve gestores que agradeceram à homenageada o facto de terem sido nomeados para os cargos que desempenham.

Sem respostas das empresas, é impossível a juristas serem taxativos sobre a legalidade do acto, mas Maria José Morgado, procuradora-geral adjunta e especialista em temas de corrupção, notou ontem, sem querer comentar o caso concreto, que "deontologicamente, em tese geral, os cartões das empresas não servem para pagar almoços de despedida".

Também instado pelo PÚBLICO, o empresário Henrique Neto, ex-deputado do PS, foi lapidar na resposta: "As pessoas perderam a vergonha." Considerando a situação "irregular" e "nada normal", o empresário diz que o pagamento com os cartões da empresa "até pode ser legal, mas legítimo não é com certeza". Tanto por parte dos empresários, que se quotizaram para pagar a gargantilha ("mas a que propósito?!?", questiona-se), como por parte da ex-secretária de Estado.

5 comentários:

Invisual disse...

Tb quero tachos, onde posso arranjar? Armando Vara

Anónimo disse...

cada vez estamos mais na mesma!...
depois de noticias como esta os nossos governantes ainda têm a lata de pedir moderação salarial?...claro até tem lógica porque temos de continuar a fazer valer o principio de que somos um paìs de brandos costumes.

Anónimo disse...

Eu já ficava feliz com uma gargantilha de 1000 euritos...

andre gomes 11851 disse...

gostava de saber o que essa excelentíssima senhora fez para ter merecido a dita gargantilha...um caso para mulder e scully dos ficheiros secretos.

Anónimo disse...

Quero agradecer à amd pela lista que puseram nos WC do HSJoão .
Foram aqueles motoristas todos que receberam a totalidade do prémio?
Ao ver tal lista fiquei a pensar cá para mim;quem é que terá razão eles ou nós que andamos a dar tiros nos pés?
Visto que até os sindicatos não se entendem.